sexta-feira, 7 de julho de 2017

A diferença


A porta fechara-se com estrépito. Mariazinha batia o pé chorosa. Queria a boneca grande, queria!
A mãe, preocupada, em vão procurava explicar-lhe porque não podia atender-lhe o desejo. Contudo, a menina desatendia a qualquer raciocínio.

Sua mãe, era de condição modesta, não poderia jamais conceder-lhe o pedido. Conseguira comprar-lhe o vestidinho simples, mas alegre, e uma boneca pequena, mas graciosa, entretanto, a menina não ficara feliz com o presente materno.
Vira a menina rica da esquina, cercada de luxo e presentes caros, de bonecas suntuosas. Não compreendia porque ela não podia ter o mesmo. Julgava que a mãe não lhe queria dar.
- Minha filha! Compreenda que temos o bastante! Não precisamos de nada mais para nossa felicidade! Jesus ficará triste se você for
vaidosa e a inveja agasalhar-se em seu coração.

- Jesus não gosta de mim! - dizia ela a chorar - Por que dá tudo às outras e a mim só isso? A senhora não diz que Ele é justo e bondoso?
- É. Jesus nos tem ensinado que Deus é pai bom para todos e colocou cada um de nós no lugar onde precisa estar, para aprender a viver feliz! Não nos deu dinheiro porque somos muito vaidosos e o dinheiro nos faria mal. Entenda filha, é para o nosso bem! Sejamos felizes e agradeçamos ao Senhor o pouco que temos.

A menina calou-se pensativa, mas trazia ainda a revolta estampada na face. Apanhou a boneca modesta, que a olhava com olhos inocentes, com evidente desgosto.
Foi quando a campainha da porta soou. Seria o pai com algum presente? Correu a abrir com a fisionomia subitamente animada.

Estacou surpreendida. Pobre mulher trazendo uma criança ao colo e outra pela mão, estendia a mão suplicante.
A dona da casa correu a buscar algum alimento. Era noite de Natal!
A menina recém-vinda olhava maravilhada para a outra e seus olhinhos brilhantes iam do vestido novo à boneca que ela carregava.
A outra, fitando-lhe o corpinho magro e maltratado, os pés descalços e os olhos tristes, sentiu-se repentinamente rica.
- Posso ver? - indagou a pobre criança aproximando-se.
- Pode. Gosta?
- É a boneca mais linda que já vi!
- Você tem uma igual?

A outra abanou a cabeça.
- Não. Mas quando eu crescer, vou ter uma boneca de verdade. Que fala, que anda, que chora e que ri.
- Como assim?...
- Deus vai me dar uma, mamãe disse. E será mais bonita do que todas as bonecas mortas que tem por aí!

A outra ficou pensando, pensando.
Quando se foram, a menina aproximou-se da mãe em atitude humilde e perguntou:
- Mamãe, Deus também vai me dar uma boneca de verdade quando eu crescer?
- Vai, minha filha, se você merecer.
- E para a filha de Dona Bety também?
- Sim minha filha, se ela for boazinha.

- Então, mamãe, Deus é justo mesmo! Porque se os papais da terra
dão para as filhas as bonecas que podem, Deus dá para todas
bonecas iguais!
E sorriu completamente feliz.

A dor pode ser comparada ao instrumental de um hábil escultor

Com destreza e precisão técnica, ele toma de uma pedra dura como o mármore, por exemplo, e pacientemente a transforma em uma obra de arte, para encanto das criaturas.
A beleza da pedra só aparecerá aos golpes duros do cinzel, na monotonia das horas intermináveis de esforço e trabalho.
Assim como a pedra se submete à lapidação das formas para se tornar digna de admiração, somente os corações que permitem à dor esculpir sua intimidade, adquirem o fulgor das estrelas e o brilho sereno da lua.

A Dor

Dez horas da noite. Volto para casa após um dia cansativo. Minha família me espera como todos os dias. Da janela do ônibus, meu olhar vagueia, perdido no espaço sem horizonte, sem uma imagem, sem limite. Minha mente não fixa nenhuma idéia, como uma pena levada pelo vento, sem destino ou parada, simplesmente solta.

De repente, casualmente, fixo meu olhar desprevenido em algo que me fez tremer de pavor, tristeza, remorso, um misto de sentimentos que não sei defin
ir. Talvez angústia? Não, realmente, não sei. Só uma coisa tenho certeza: Eu vi a face da dor!!! E ela doía e doeu em mim ver a sua dor.

Sua testa franzida formava vincos fundos. Seus olhos marejados com lágrimas que insistiam em não cair. Sua boca se movia sem ruídos, sem palavras, expressando como que um pedido de socorro, uma súplica. Seu rosto contraído era o próprio grito da alma torturada. E ela doía e doeu em mim ver a sua dor.

No sinal fechado, a dor vagava por entre os carros mostrando sua face para todos, estendendo sua mão a pedir, não apenas um trocado para comprar um pão, não, mas um olhar de misericórdia, talvez. Alguém que lhe desse um sorriso, se é que alguém poderia diante da sua expressão fazer sequer uma menção de sorrir. Preferiam não ter que passar por aquela situação, e com seus dedos em riste, numa frieza mais triste ainda, talvez usada para se proteger, negavam qualquer compartilhamento, qualquer troca, para que a dor pudesse quem sabe se sentir um pouco humana. Quem sabe? E ela continuava doendo, e doía em mim ver a sua dor.

E durante a eternidade que dura os minutos entre o fechar e o abrir de um sinal de trânsito, pude presenciar o desespero da dor, que, diante de tantos nãos, se encosta em um muro frio, úmido e chora.

Eu vi a dor chorar. Um choro que não se descreve, por falta de palavras que possam fazê-lo. O choro da alma torturada. O choro do abandono. E o mais triste de tudo, a dor era uma criança. Uma criança igual aquela que, em casa, me esperava dormindo entre os seus brinquedos, agasalhada, linda, protegida.

O sinal abriu e eu segui com a imagem da dor na minha retina, ou melhor, na minha alma. Ao chegar em casa, corri e beijei a criança que dormindo tranqüila me esperava e falei: felicidade, a dor vaga lá fora.

A deusa do sal


Conta uma lenda que em uma ilha longínqua vivia uma solitária deusa de sal. Ela era apaixonada pelo mar. Passava dias, noites, horas na praia observando o balanço de suas ondas, sua beleza, seu mistério, sua magnitude.

Um desejo enorme começou a apossar-se do seu coração: experimentar toda aquela beleza. Esse desejo ia aumentando até que um dia a deusa resolveu entrar no mar. Logo que ela colocou os pés no mar, eles sumiram, derreteram-se.

Encantada com o mar, ela seguiu em frente e logo após suas pernas e coxas não mais existiam. A deusa, entretanto, seguiu adiante, sentindo partes do seu corpo derretendo-se, até ficar apenas com o rosto do lado de fora.

Uma estrela que observava tudo falou:

Linda deusa, você vai desaparecer por completo. Daqui a pouco você
não mais existirá. A água do mar desfazia o rosto da deusa,
mas ela respondeu fazendo um esforço:

Continuarei existindo, porque agora eu sou o mar também.
Para conhecer e experimentar é preciso permitir-se, ir em frente. Quando isto acontece, a mudança se dá, mudamos. A deusa mudou, transformando-se em mar, fazendo parte dele, passou a ser o mar que ela tanto admirava da praia.

O mar por sua vez, também transformou-se, porque foi salgado pela deusa.
Ambos experimentaram a mudança:

a deusa e o mar.

O poder da Determinação de um Jovem


A casinha de uma escola rural era aquecida por um velho e bojudo forno a carvão. Um garotinho tinha a função de ir mais cedo à escola todos os dias, para acender o fogo e aquecer o recinto antes que a professora e seus colegas chegassem.

Certa manhã, eles chegaram e encontraram a escola engolida pelas chamas. Retiraram o garotinho inconsciente do prédio em chamas, mais morto do que vivo. Tinha queimaduras profundas na parte inferior do corpo e foi levado para o hospital do município vizinho.

De seu leito, o semiconsciente e pavorosamente queimado garotinho ouviu ao longe o médico que conversava com sua mãe. O médico dizia a ela que seu filho seguramente morreria - o que na realidade, até seria melhor - pois o terrível fogo devastara a parte inferior de seu corpo.

Porém o bravo garotinho não queria morrer. Ele se convenceu de que sobreviveria. De alguma maneira, ele realmente sobreviveu. Quando o risco de morte havia passado, ele novamente ouviu o médico e sua mãe falando baixinho. A mãe foi informada de que, uma vez que o fogo destruíra tantos músculos na parte inferior de seu corpo, quase que teria sido melhor que ele tivesse morrido, já que estava condenado a ser eternamente inválido e não fazer uso algum de seus membros inferiores.

Mais uma vez o bravo garotinho tomou uma decisão. Não seria inválido. Ele andaria. Mas, infelizmente, da cintura para baixo, ele não tinha nenhuma capacidade motora. Suas pernas finas pendiam inertes, quase sem vida.

Finalmente, ele teve alta do hospital. Todos os dias sua mãe massageava suas perninhas, mas não havia sensação, controle, nada. Ainda assim, sua determinação de andar era mais forte do que nunca.

Quando ele não estava na cama, estava confinado a uma cadeira de rodas. Num dia ensolarado, sua mãe o conduziu até o quintal para tomar um pouco de ar fresco. Neste dia, ao invés de ficar sentado na cadeira, ele se jogou no chão. Arrastou-se pela grama, puxando as pernas atrás de si.

Arrastou-se até a cerca de estacas brancas que limitava o terreno. Com grande esforço, levantou-se apoiando-se na cerca. E então, estaca por estaca começou a arrastar-se ao longo da cerca, decidido a andar. Começou a fazer isso todos os dias até que um caminho se formou ao lado da cerca, e em volta de todo o quintal. Não havia nada que ele desejasse mais do que dar vidas àquelas pernas.

Finalmente, com as massagens diárias, com sua persistência de ferro e com sua resoluta determinação, ele foi capaz de ficar em pé, depois de andar mancando, e então, de andar sozinho. Mais tarde, de correr.

Começou a caminhar para a escola, depois passou a correr para a escola, e a correr, pura e simplesmente, pela alegria de correr. Na faculdade, integrou o time de corrida com obstáculos.

Depois, no Madison Square Gardem, aquele rapaz sem esperanças de sobreviver, que seguramente não andaria nunca mais, e que jamais poderia esperar correr - aquele rapaz determinado, o Dr. Glenn Cunningham, foi o corredor mais rápido do mundo na corrida de uma milha!

A desculpa


Fui, em pequena, uma menina muito estabanada. Num só dia, conseguia quebrar a tesoura de mamãe, arrancar os cabelos de minha boneca ao trepar em uma árvore com ela no colo, e, finalmente, quebrar um prato valioso, ao ajudar a enxugar a louça.

Depois de cada desses desastres, corria para minha mãe e dizia apressada:
- Desculpe, mamãe!
E estava crente de que, pronunciando essa senha mágica, obtinha completa absolvição.

No dia seguinte a uma dessas estripulias, aconteceu-me derramar café na toalha da mesa.
- Desculpe, mamãe! disse eu logo.

Mas mamãe, sorrindo, tomou uma toalha e enrolou-a em minha cabeça, como um turbante. E pôs na minha mão uma varinha que, propositadamente, deixara por perto. E disse bem humorada:
- Você agora é um mágico, com uma varinha de condão. Diga as palavras mágicas: "Desculpe, mamãe!", dez vezes, sobre essa mancha de café.

Eu repeti as palavras enquanto o resto da família me olhava fingindo seriedade e segurando um acesso de riso.
Quando terminei, tomada de intensa curiosidade, perguntei a minha mãe:
- E a mancha, desapareceu?
- Não! ela respondeu com naturalidade.

Caindo em mim, comentei chorando de decepção:
- E não podia mesmo desaparecer, embora eu dissesse mil vezes "Desculpe!"
- Então, disse mamãe, isso significa que "Desculpe!" não é uma palavra mágica. Não é interessante? Um "Desculpe!" não pode fazer desaparecer, em dois minutos, uma mancha de café que a gente, com apenas dois segundos de atenção, pode evitar. Bem, você quer que eu encha sua xícara outra vez?

E minha mãe não precisou, nunca mais, repreender-me.
Quantas vezes eu penso ter esquecido a lição, volta-me à lembrança aquele turbante de toalha e a varinha de condão improvisada.


Continue se divertindo... sorria,  você  fica bem assim alegre... transmite força e paz...

A curiosidade de uma criança


-Papai, ele disse com os olhinhos cheios de lágrimas, você fala comigo e acaba com meus medos? Aqueles meninos ruins na escola estão espalhando uma mentira dizendo que é impossível uma rena voar.

- Eles falaram que não existe nenhum Papai Noel, eles dizem rindo que não existe agora, e nunca existiu. Como poderia um homem dar todos esses brinquedos para milhares de meninas e meninos?
- Mas eu falei para eles que eles não tinham razão, que eu viria para casa e descobriria tudo nesta noite. Mamãe disse para esperar até você chegar em casa. Por favor, me fale agora que eu não estou errado.

O pai olhou para seu rosto e suspirou. Ele tinha que pensar rapidamente e muito bem.
Sussurrando, ele começou com um sorriso,
- Bem, suba em meu colo, querido, vamos conversar um pouco. Se lembra que aprendemos rezar, pedindo à Deus que cuide de todos nós à cada dia?

- E você sabe que nós agradecemos por cada comida, para este mesmo Deus que nós sabemos ser real. Embora nós nunca o vejamos, nós sabemos que ele está lá olhando as crianças dele com aquele amor cuidadoso.
- Deus começou o Natal a muito tempo atrás quando ele nos deu seu filho para amarmos. Um espírito de presentear amor veio com aquele nascimento, e a generosidade de Deus encheu a terra inteira.

- O homem teve que dar um nome para este espírito de presentear, da mesma forma que ele dá nome à todas as coisas.
- O nome Papai Noel veio a mente de alguém. Provavelmente o melhor nome que pode encontrar.
- Há, verdadeiramente um Papai Noel que nos visita a cada ano. Um espírito como Deus que nós nunca vemos e que entra nos corações de sua mãe e de seu pai e de todo o mundo.

- Todo ano, no Natal, durante uma noite especial nós nos transformamos nele e fazemos tudo certo. Mas o verdadeiro espírito de Natal está em você e em mim e eu espero que você já seja grande o bastante para entender que enquanto nós acreditarmos e continuarmos presenteando amor, nosso amigo Papai Noel continuará vivendo.

A Cruz de Jesus Cristo

 Um de meus amigos ia toda quinta-feira a noite a uma piscina coberta.
Ele sempre via ali um homem que lhe chamava a atenção: ele tinha o costume
de correr até a água e molhar só o dedão do pé. Depois subia no trampolim
mais alto e com um esplêndido salto mergulhava na água. Era um excelente
nadador.

Não era de estranhar, pois, que meu amigo ficasse intrigado com esse
costume de molhar o dedão antes de saltar na água. Um dia tomou coragem
e perguntou-lhe a razão daquele hábito. O homem sorriu e respondeu:
Sim, eu tenho um motivo para fazer isso. Há alguns anos, eu era
professor de natação de um grupo de homens.
Meu trabalho era ensiná-los a nadar e a saltar de trampolim.

Certa noite não conseguia dormir e fui à piscina para nadar um pouco;
sendo o professor de natação, eu tinha uma chave para entrar no clube.
Não acendi a luz porque conhecia bem o lugar.
A luz da lua brilhava através do teto de vidro. Quando estava sobre o
trampolim, vi minha sombra na parede em frente.

Com os braços abertos, minha silhueta formava uma magnífica cruz.
Em vez de saltar, fiquei ali parado, contemplando aquela imagem.
O professor de natação continuou:

Nesse momento, pensei na cruz de Jesus Cristo e em seu significado.
Eu não era um cristão, mas quando criança aprendi um cântico cujas
palavras me vieram a mente e me fizeram recordar que Jesus tinha morrido
para nos salvar por meio de seu precioso sangue. Não sei quanto tempo
fiquei parado sobre o trampolim com os braços estendidos e nem
compreendo por que não pulei na água.

Finalmente voltei, desci do trampolim e fui até a escada para mergulhar na água. Desci a escada e meus pés tocaram o piso duro e liso.
Ma noite  anterior haviam esvaziado a piscina e eu não tinha percebido!
Tremi todo e senti um calafrio na espinha.
Se eu tivesse saltado, seria meu último salto.

Naquela noite, a imagem da cruz na parede salvou a minha vida. Fiquei tão agradecido a Deus - que por me amar permitiu que eu continuasse vivo -
que me ajoelhei na beira da piscina. Tomei consciência de que não somente
a minha vida física, mas minha alma também precisava ser salva.

Para que isso acontecesse, foi necessária outra cruz, aquela na qual Jesus morreu para nos salvar. Ele me salvou quando confessei os meus
pecados e me entreguei a Ele.

Naquela noite fui salvo duas vezes, física e espiritualmente.
Agora tenho um corpo sadio, porém o mais importante é que estou eternamente salvo.

Talvez agora você compreenda porque eu molho o dedão antes de
saltar na água.
Colaboração: Ivan Sérgio 

A CRUZ


Antônio chegou ao Paraíso e foi direto falar com São Pedro.

-- São Pedro, a minha vida na Terra foi muito difícil. A minha cruz era muito grande e o fardo muito pesado. Reclamava demais de sua vida e dos problemas enfrentados. Tempos difíceis dizia ele.

-- São Pedro respondeu -- Filho, a tua jornada na terra ainda não acabou. Terás que retornar, para cumprir o restante dos mandamentos do Senhor.

-- Antônio espantado falou -- São Pedro, achei que já estava diante do Paraíso. Tenho que voltar par cumprir mais tarefas? Carregar de novo a minha cruz tão pesada?

-- Sim, respondeu São Pedro. Mas poderás entrar naquele quarto ali e escolher uma nova cruz para você voltar a terra.

Assim que Antônio chegou ao quarto viu muitas cruzes de diversos tamanhos e com pesos variados. Tinham cruzes
que não se conseguia ver o topo de tão alta.

Outras eram tão largas, mais tão largas, que cem homens não conseguiriam abraça-las. Em todos os cantos eram
milhares  de cruzes de ferro, de pedra, de madeira,
em fim de todos os tipos e cores.

Antônio, então avistou num cantinho do quarto
uma cruz pequenina, feita de madeira leve e toda
pintada de branco. Uma beleza de cruz.

Antônio muito esperto, apanhou rapidamente a
pequena cruz e disse a São Pedro.

-- São Pedro, esta é a cruz que eu escolhi para voltar a Terra.

E São Pedro lhe respondeu -- Meu filho esta cruz que você escolheu, é a cruz que você sempre carregou pelo Mundo afora.

 Moral da estória:

Antes de reclamar da vida, olhe para lado, veja o tamanho da cruz que o seu semelhante mais próximo está carregando e tire as suas próprias conclusões.  

A Crise



Um homem vivia à beira de uma estrada e vendia cachorro quente. Ele não tinha rádio, televisão e nem lia jornais, mas produzia e vendia bons cachorros quentes. Ele se preocupava com a divulgação do seu negócio e colocava cartazes pela estrada, oferecia o seu produto em voz alta e o povo comprava.

As vendas foram aumentando e cada vez mais ele comprava o melhor pão e a melhor salsicha. Foi necessário também adquirir um fogão maior para atender à grande quantidade de fregueses e o negócio prosperava... Seu cachorro quente era o melhor de toda região! Vencedor, ele conseguiu pagar uma boa escola ao filho.

O menino cresceu e foi estudar Economia numa das melhores faculdades do país. Finalmente, o filho, já formado, voltou para casa, notou que o pai continuava com a vidinha de sempre e teve uma séria conversa com ele:

-- Pai, então você não ouve rádio? Você não vê televisão e não lê os jornais? Há uma grande crise no mundo. A situação do nosso país é crítica. Está tudo ruim. O Brasil vai quebrar. Depois de ouvir as considerações do filho estudado, o pai pensou: "Bem, se meu filho estudou Economia, lê jornais, vê televisão, então só pode estar com a razão."

Com medo da crise, o pai procurou um fornecedor de pão mais barato (e, é claro, o pior) e começou a comprar salsicha mais barata (que era, também, a pior). Para economizar, parou de fazer seus cartazes de propaganda na estrada. Abatido pela notícia da crise, já não oferecia o seu produto em voz alta...
Tomadas todas essas "providências", as vendas começaram a cair e foram caindo, caindo, e chegaram a níveis insuportáveis. O
negócio de cachorro quente do velho, que antes gerava recursos até para fazer o filho estudar Economia, quebrou.

O pai, triste, então falou para o filho.
- Você estava certo, meu filho, nós estamos no meio de uma grande crise.

E comentou com os amigos, orgulhoso:
- Bendita a hora em que eu fiz meu filho estudar Economia. Ele me avisou da crise...

Luiz Almeida Marins Filho.
2002

A Carne é Fraca


Quando alguém procura uma desculpa para justificar suas fraquezas, é comum ouvimos a afirmativa de que a carne é fraca. A culpa, portanto, é da carne, ou seja do corpo físico. Esse é um assunto que merece mais profundas reflexões.

O alemão Hahnemann, criador da medicina homeopática, fez a seguinte afirmativa: "o corpo não dá cólera àquele que não na tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao espírito. A não ser assim, onde estariam o mérito e a responsabilidade?"

Sábia consideração essa, pois encerra grandes verdades.

Culpar o corpo pelas nossas fraquezas equivaleria a culpar a roupa que estamos usando por um acesso de cólera.

Quando a boca de um guloso enche-se de saliva diante de um prato apetitoso, não é a comida que excita o órgão do paladar, pois sequer está em contato com ele.

É o espírito, cuja sensibilidade é despertada, que atua sobre aquele órgão através do pensamento.

Se uma pessoa sensível facilmente verte lágrimas, não é a abundância das lágrimas que dá a sensibilidade ao espírito, mas precisamente a sensibilidade deste que provoca a secreção abundante das lágrimas.

Assim, um homem é músico não porque seu corpo seja propenso à musicalidade, mas porque seu espírito é musicista. Como podemos perceber, a ação do espírito sobre o corpo físico é tão evidente que uma violenta comoção moral pode provocar desordens orgânicas.

Quando sofremos um susto, por exemplo, logo em seguida vem a sudorese, o tremor, a diarréia, etc.

Outras vezes, um acesso de ira pode provocar dor de cabeça, taquicardia, e até mesmo deixar manchas roxas pelo corpo. Quanto às disposições para a preguiça, a sensualidade, a violência, a corrupção, igualmente não podem ser lançadas à conta da carne, pois são tendências radicadas no espírito imortal.

Se assim fosse, seria fácil, pois não teríamos nenhuma responsabilidade pelos nossos atos, desde que, uma vez enterrado o corpo, com ele sumiriam todas as fragilidades e os equívocos cometidos.

Toda responsabilidade moral dos atos da vida fica sempre por conta do espírito imortal, e não poderia ser diferente.

Assim, quanto mais esclarecido for o espírito, menos desculpável se tornam as suas faltas, uma vez que com a inteligência e o senso moral nascem as noções do bem o do mal, do justo e do injusto.

Todos nós, sem exceção, possuímos na intimidade a centelha divina, a força capaz de conter os impulsos negativos e fazer vibrar as emoções nobres que o Criador depositou em nós.

Fazendo pequenos esforços conquistaremos a verdadeira liberdade, a supremacia do espírito sobre o corpo. E só então entenderemos porque Jesus afirmou: "vós sois deuses, podereis fazer o que eu faço, e muito mais."

A criança em nós

Amigos, um dos sentimentos mais importantes para levarmos uma vida equilibrada e harmônica chama-se alegria. 

Alegria de viver, alegria em conviver com os que nos cercam, alegria de ter alguém especial ao nosso lado, alegria de ter filhos, alegria de ter nossos pais que tanto fizeram e fazem por nós, alegria pelo trabalho que nos possibilita a sobrevivência material, alegria pelas oportunidades de estudo, pelas muitas experiências que acontecem em nossa vida.

Muitos torcem o nariz e dizem que diante tantos obstáculos e dificuldades que enfrentamos pelos caminhos da existência, como sentir tanta alegria?

Que acabamos amargurados, acabrunhados, tristes por tantos senões que surgem à nossa frente. O que falta a essas pessoas é despertar a criança que há nelas.
 
Temos que manter viva a criança que há em nós, para fazermos tal qual esses personagens infantis: estar sempre com o sorriso nos lábios, confiando intensamente no amanhã, compartilhando brincadeiras com outros, e mesmo quando ocorrem atritos ou problemas, basta um pequeno lapso de tempo ou um novo convite ao folguedo para os semblantes se iluminarem novamente e recomeçar a farra...


Quando crescemos precisamos somar o amadurecimento ao elenco de valores que devemos guardar no coração; mas amadurecer não é tornar o rosto congestionado pela expressão séria, nem perder o gosto pelo riso na vida. 

Amadurecer é somar a alegria infantil, a esperança da juventude e o bom senso da madureza. Continuemos um pouco crianças... 

A criança adormecida


Um pescador dirigia-se para seu barco, após uma noite mal dormida, os peixes estavam cada vez mais escassos e ele temia logo não ter como sustentar a numerosa família.

Ia assim matutando entre um passo e outro, até parar admirado: em seu barco dormia a sono solto uma criança. Como fora parar aí ele não sabia, pensou em sacudi-la mas sua mão ficou solta no ar, as palavras lhe faltaram diante daquele semblante do qual se desprendia tanta inocência.

Sentou-se ao lado do barco enquanto mergulhava em suas próprias lembranças: um dia também fora criança, alegre, sonhadora apesar de todas as adversidades da vida, seus risos infantis, as molecagens com os colegas, ainda ecoavam em sua memória.

Bons tempos aqueles, mas a criança crescera e os sorrisos murcharam, os dias alegres se esconderam, não tinha mais tempo nem alegria nem mesmo para partilhar com os filhos. A molecada fora chegando um após outro, o pão ficando cada vez mais difícil, tentara ensinar-lhes o oficío mas , esquecera da alegria do coração. Hoje se dava conta do quanto perdera.

Neste momento o barco sacolejou, a criança saltou assustada, já ia escapar quando ele a deteve, o menino desculpou-se por ocupar o barco sem permissão, ele apenas sorriu meio sem jeito e foi soltando as palavras há muito atadas no coração:
- Hoje garoto me lembrei do que é ser criança, do que é ter a alegria solta no fundo do coração, hoje reaprendi a ser pai e vou levando comigo esta lição, vou partilhar com meus filhos além do pão de cada dia, o pão que alimenta a alma, o pão da palavra amiga, consoladora, pão que sai fresquinho do fundo do coração, pois, um pai que não sabe amar seus filhos de verdade pode dar-lhes tudo, mas este tudo de nada vale porque junto não está o coração.

A criança olhou-o sem nada entender, depois foi se afastando de mansinho deixando o pescador rodeado pelos filhos, que o cercavam de todos os lados numa festa só...

Regina Célia Suppi
Enviado pela autora

A Corrida de Canoa


Uma empresa brasileira e outra japonesa decidiram enfrentar-se todos os anos numa corrida de canoa, com oito homens cada. As duas equipes treinaram duramente e no dia da corrida estavam em sua melhor forma. No entanto os japoneses venceram por mais de um quilômetro de vantagem.
Depois da derrota a equipe ficou desanimada. O Diretor Geral decidiu que ganhariam no ano seguinte e criou um grupo de trabalho para examinar a questão. Após vários estudos, o grupo descobriu que os japoneses tinham sete remadores e um capitão.
Enquanto a equipe brasileira tinha um remador e sete capitães. Diante disso, o Diretor Geral teve a brilhante idéia de contratar uma empresa para analisar a estrutura da equipe. Depois de longos meses de trabalho, os especialistas chegaram à conclusão de que a equipe tinha capitães demais e remadores de menos. Com base no relatório dos especialistas, a empresa decidiu mudar a estrutura da equipe.
A equipe seria agora composta por quatro comandantes, dois supervisores, um chefe de supervisores e um remador. Especial atenção seria dada ao remador. Ele teria que ser melhor qualificado, motivado, e conscientizado de suas responsabilidades. No ano seguinte os japoneses venceram com dois quilômetros de vantagem.
Os dirigentes da empresa despediram o remador por causa do seu mau desempenho. E deram um premio aos demais membros como recompensa pela forte motivação que tentaram incutiram na equipe. O Diretor Geral preparou um relatório da  situação, no qual ficou demonstrado que foi escolhida a melhor tática, a motivação era boa mas o material deveria ser melhorado.
No momento estão pensando em substituir a canoa.

A corrida de bicicleta


A vida é como uma grande corrida de bicicleta, cuja meta é cumprir a lenda pessoal. Na largada, estamos juntos compartilhando camaradagem e entusiasmo. Mas, a medida que a corrida se desenvolve, a alegria inicial cede lugar aos verdadeiros desafios: o cansaço, a monotonia, as dúvidas sobre a própria capacidade.
Reparamos que alguns amigos desistiram do desafio - ainda estão correndo, mas apenas por que não podem parar no meio de uma estrada; eles são numerosos, pedalam ao lado do carro de apoio, conversam entre si, e cumprem uma obrigação.
Terminamos por nos distanciar deles; e então somos obrigados a enfrentar a solidão, as surpresas com as curvas desconhecidas, os problemas com a bicicleta. E, ao cabo de algum tempo, começamos a nos perguntar se vale a pena tanto esforço.
Sim, vale a pena. É só não desistir.

A corneta e os tigres


Um homem chegou numa aldeia com uma corneta misteriosa, de onde pendiam panos vermelhos e amarelos, contas de cristal e ossos de animais.
-Esta é uma corneta que afasta tigres – disse o homem. A partir de hoje, por uma modesta quantia diária, eu a tocarei todos as manhãs, e vocês nunca serão devorados por estes terríveis animais.
Os habitantes da aldeia, aterrorizados com a ameaça de ataque de um animal selvagem, concordaram em pagar o que o recém-chegado pediu.
Assim se passaram muitos anos, o dono da corneta ficou rico, e construiu um belo castelo para si mesmo. Certa manhã, um rapaz que passava pelo local, perguntou a quem pertencia aquele castelo. Ao saber da história, resolveu ir até lá conversar com o homem.
-Ouvi dizer que o senhor tem uma corneta que afasta tigres – disse o rapaz. Acontece, porém, que não existem tigres em nosso país.
Na mesma hora, o homem convocou todos os habitantes da aldeia, e pediu ao rapaz que repetisse o que dissera.
-Vocês escutaram bem o que ele disse? - gritou o homem, assim que o rapaz terminou.
– Esta é a prova irrefutável do poder da minha corneta!

A cor do mundo


O ancião descansava sentado em velho banco à sombra de uma árvore, quando foi abordado pelo motorista de um automóvel que estacionou ao seu lado:

- Bom dia!
- Bom dia! Respondeu o ancião.
- O senhor mora aqui?
- Sim, há muitos anos...

- Venho de mudança e gostaria de saber como é o povo daqui.
Como o senhor vive aqui há tanto tempo deve conhecê-lo muito bem.
- É verdade, falou o ancião. Mas por favor me fale antes da cidade de onde você vem.
- Ah, É ótima! Maravilhosa! Gente boa, fraterna... Fiz lá muitos amigos.
Só a deixei por imperativos da profissão.
- Pois bem, meu filho. Esta cidade é exatamente igual. Vais gostar daqui.

O forasteiro agradeceu e partiu. Minutos depois apareceu outro motorista e também se dirigiu ao ancião:
- Estou chegando para morar aqui. O que me diz do lugar?
O ancião, lançou-lhe a mesma pergunta:
- Como é a cidade de onde você vem?
- Horrível! Povo orgulhoso, cheio de preconceitos, arrogante! Não fiz
um único amigo naquele lugar horroroso!
- Sinto muito, meu filho, pois aqui você encontrará o mesmo ambiente...

Assim somos nós....vemos no mundo e nas pessoas algo do que somos, do que pensamos, de nossa maneira de ser. Se somos nervosos, agressivos ou pessimistas, assim será o mundo e só acharemos problemas e conflitos.
Em outras palavras, o mundo tem a cor que lhe damos através das nossas lentes...da nossa maneira de ver as coisas.

Se vemos o mundo com lentes escuras do pessimismo, tudo à nossa volta nos parecerá escuro...envolto em trevas. Se estamos turvados pelo desânimo, o universo que nos rodeia se apresenta desesperador. Mas, se ao contrário, estivermos otimistas, sentiremos que em todas as situações há aspectos positivos e cheios de entusiasmo.

A cor do mundo, portanto, depende da nossa ótica...da maneira como estamos nos sentindo, afinal, o exterior estará sempre refletindo o que levamos no interior. Ser otimista é ser gerador de adrenalina emocional, que estimula o sangue, impulsionando ao avanço, à alegria.
Cultivando o otimismo nos sentimentos adquirimos visão para perceber o lado bom da vida que nos rodeia...teremos confiança em Deus e tudo será belo, e ao nosso redor teremos alegria e felicidade.

A cor da saudade


Era uma vez uma menina que tinha um pássaro encantado. Ele era encantado por duas razões: não vivia em gaiolas, vivia solto e vinha quando queria, quando sentia saudades...  Sempre que voltava, suas penas tinham cores diferentes, as cores dos lugares por onde tinha voado.

Certa vez, voltou com penas imaculadamente brancas e contou histórias de montanhas cobertas de neve. Outra vez, suas penas estavam vermelhas e contou histórias de desertos incendiados pelo sol.
Era grande a felicidade quando eles estavam juntos.

Mas, sempre chegava a hora do pássaro partir...
A menina chorava e implorava:
- Por favor, não vá. Terei saudades, vou chorar.
- Eu também terei saudades - dizia o pássaro - mas vou lhe contar um segredo! Eu só sou encantado por causa da saudade. É ela que faz com que minhas penas fiquem bonitas... senão você deixará de me amar.  E partiu. A menina, sozinha, chorava.  Uma certa noite ela teve uma idéia: e se o pássaro não partir? Seremos felizes para sempre! Para ele ficar, basta que eu o prenda numa gaiola.

E assim o fez. A menina comprou uma gaiola de prata, a mais linda que encontrou. Quando o pássaro voltou, eles se abraçaram, ele contou histórias e adormeceu. A menina aproveitou o seu sono e o engaiolou. Quando o pássaro acordou deu um grito de dor.

- Ah ! O que você fez? Quebrou o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das histórias. Sem a saudade, o amor irá embora...

A menina não acreditou... achou que ele se acostumaria. Mas, não foi isso o que aconteceu. Caíram as plumas e as penas transformaram-se em um cinzento triste. Não era mais aquele o pássaro que ela tanto amava...
Até que ela não agüentou mais e abriu a porta da gaiola.
- Pode ir, pássaro - disse - volte quando você quiser...
- Obrigado - disse o pássaro - irei e voltarei quando ficar encantado de novo. Você sabe, ficarei encantado de novo quando a saudade voltar dentro de mim e dentro de você.

Quantas vezes aprisionamos a quem amamos, pensando que estamos fazendo o melhor?
Pense... deixar livre é uma forma singela de ter...
Direcione o seu amor não para a prisão e sim para a conquista, sempre.

A cor da pureza


Em razão das drogas, um bebezinho negro foi abandonado por sua mãe em uma caixa de papelão que estava em um lixão próximo a sua casa..

O bebezinho passou toda noite chorando de frio, fome e pelas picadas dos insetos.
Na manhã seguinte, o caminhão do lixo chegou e enquanto um coletor carregava o lixo até o caminhão, o outro apertava o botão que prensava todo aquele lixo.
Enquanto conversavam, o coletor de lixo pegou aquela caixa de papelão e colocou no caminhão...

De repente, um grito:
- Pare! Desligue a prensa! Eu ouvi um choro de bebe...
A partir deste instante, o bebe foi levado para o hospital e foi muito bem tratado...
Havia neste hospital, uma Assistente Social branca, que se apaixonou por aquele bebezinho negro todo sofrido e desamparado...

Tempos depois, ela conseguiu adota-lo, embora ela já tivesse uma filha de 5 anos de idade.
O Tempo passou... passou.. e aquele bebezinho completou 5 anos.
Num certo dia, ele estava brincando com sua irmã que já completava 10 anos de idade, quando, num certo momento, ela pegou nas mãos dele... olhou... olhou... e depois, olhou para a sua mão... olhou... olhou... e depois, colocou a mão dele sobre a mão dela e perguntou para o menininho:

- Você tá vendo a sua mão em cima da minha?
- To sim! Respondeu ele.
- Qual a diferença entre elas? Perguntou ela...
O menininho olhou pra ela, e deu um sorriso e disse:
- Ah, essa pergunta é fácil responder: Minha mão é a mais pequena!!!

A Irmã sorriu e deu um beijo nele!
Você, que imaginou a resposta antes de ler, compreendeu a MORAL DA HISTÓRIA?

A Cor da minha dor


De que adianta eu ficar aqui ressentida, Se não tenho a primazia do teu coração, Se continuo só, faminta, entristecida, Se você só faz aumentar minha solidão... De que adianta em você eu ficar pensando, Se na hora que mais preciso, não o encontro, Porque você está sempre de mim distante, E se o espero, quase sempre me desaponto...
Do que adianta amar você, esquecida de mim, Se juntos nada podemos construir, Se não podemos ter sonhos e planos afins, E se isto eu desejar,por certo vou me ferir...
Para nós não há confraternizações e natais, Reuniões em família, dia das mães ou dos pais, Viagens com as crianças e outras coisas triviais Nunca faremos o que fazem todos os casais...
Os casais desfrutam de santa afinidade, Acertam diferenças em seus leitos conjugais, Partilham a rotina e uma calma intimidade, Nascida da convivência e da familiaridade...
Eu já te quis tanto que contentar-me-ia Em ser a outra, não matriz, mas filial E isto por si só , tão alegre me faria Pudera eu ser a tua namorada eventual 
Não tenho culpa se entre tantos homens, O meu coração sem juízo, houve por bem te escolher, E te escolheu de forma tão contundente. Não ouviu os meus apelos, não quis me obedecer... Mas não há revolta em meu peito, não.
Sempre nascem flores em mim a cada desilusão. Se o lado humano chora e morre aos poucos combalido, A Alma renasce e flui em mais luminosa expressão...
Mas sabe, este nosso amor não foi em vão Os frutos de nós dois não são lindas crianças morenas Os frutos de nós dois são apenas estes modestos poemas Que aprendi a escrever pra te entregar meu coração...
E se um dia me perguntarem porque eles nasceram Terei que falar do "mentor"que foi minha riqueza E que concebi todos estes singelos versos
Exalando à alfazema, do meu pijama cor de framboesa !
Fátima Irene Pinto 

A Cor da Lágrima...


Porque a lágrima não tem cor?
Enquanto chorava, me pus a pensar.
Se fosse vermelha como sangue,
As minhas vestes poderiam manchar.

Se a lágrima fosse amarela,
A cor da alegria,
Expressar tristeza
Jamais poderia

Se fosse azul,
A cor da serenidade,
Eu não choraria jamais.
Seria só tranqüilidade.

Se fosse branca
Como pétalas de rosas,
Não seriam lágrimas...
Mas pérolas preciosas.

Ainda mais uma vez
Fiquei me questionando...
Porque a lágrima não tem cor?

Se ela fosse preta
Só expressaria o horror?

Porque será que a lágrima não tem cor?
A lágrima não tem cor...
Porque nem sempre exprime dor.

E se ela fosse roxa, como poderia
Expressar a alegria?

As lágrimas não têm cor
Porque são expressões da alma
Quando o espírito está chorando
O coração diz: tenha calma!

Se a lágrima tivesse cor
Deveria ter a cor do amor
Ou mesmo a cor da paixão
Que as vezes invade o coração.

Ou talvez a cor da tristeza
Que abala a alma e tira a calma
Mas faz em meu ser uma limpeza.
Se a lágrima tivesse cor
Poderia ser vermelha como o sangue.

A lágrima não tem cor.
Porque ela nos aproxima do nosso Criador.
Se a lágrima tivesse cor
Eu só iria chorar de alegria.
Mas, e a lágrima da saudade?
De que cor ela seria?

E a lágrima da decepção,
De que cor seria então?
Se a lágrima tivesse cor
Deveria ter a cor de um brilhante
Como a lágrima é preciosa
Deus deu-lhe a cor do diamante.

Amigos, enxuguem as lágrimas, e...
Se alguém um dia te disser que você não faz nada de importante, não ligue, saiba que algo importante já foi feito, você não é um ser humano que está passando por uma experiência espiritual. 
Você é um ser espiritual que está vivenciando uma experiência humana. 

(Wayne W. Dyer)

A conta da vida

Quando Levindo completou vinte e um anos, a mãezinha recebeu-lhes os amigos, festejou a data e solenizou o acontecimento com grande alegria. No íntimo, no entanto, a bondosa senhora estava triste, preocupada.

O filho, até à maioridade, não tolerava qualquer disciplina.
Vivia ociosamente, desperdiçando o tempo e negando-se ao trabalho. Aprendera as primeiras letras, a preço de muita dedicação materna, e lutava contra todos os planos de ação digna.

Recusava bons conselhos e inclinava-se, francamente, para o desfiladeiro do vício. Nessa noite, todavia, a abnegada mãe orou, mais fervorosa, suplicando a Jesus o encaminhasse à elevação moral. Confiou-o ao Céu, com lágrimas, convencida de que o Mestre Divino lhe ampararia a vida jovem.

As orações da devotada criatura foram ouvidas, no Alto, porque Levindo, logo depois de arrebatado pelas asas do sono, sonhou que era procurado por um mensageiro espiritual, a exibir largo documento na mão.

Intrigado, o rapaz perguntou-lhe a que deveria a surpresa de semelhante visita. O emissário fitou nele os grandes olhos e respondeu:
- Meu amigo, venho trazer-te a conta dos seres sacrificados, até agora, em teu proveito.

Enquanto o moço arregalava os olhos de assombro, o mensageiro prosseguia:
- Até hoje, para sustentar-te a existência, morreram, aproximadamente, 2.000 aves, 10 bovinos, 50 suínos, 20 carneiros e 3.000 peixes diversos. Nada menos que 60.000 vidas do reino vegetal foram consumidas pela tua, relacionando-se as do arroz, do milho, do feijão, do trigo, das várias raízes e legumes. Em média calculada, bebeste 3.000 litros de leite, gastaste 7.000 ovos e comestes 10.000 frutas. Tens explorado fartamente as famílias de seres do ar e das águas, de galinheiros e estábulos, pocilgas e redis. O preço dos teus dias nas hortas e pomares vale por uma devastação.

Além disto, não relacionamos aqui os sacrifícios maternos, os recursos e doações de teu pai, os obséquios dos amigos e as atenções dos vários benfeitores que te rodeiam. Em troca, que fizeste de útil? Não restituíste ainda à Natureza a mínima parcela do teu débito imenso. Acreditas, porventura, que o centro do mundo repousa em tuas necessidades individuais e que viverás sem conta nos domínios da Criação? Produze algo de bom, marcando a tua passagem pela terra. Lembra-te de que a própria erva se encontra em serviço divino. Não permitas que a ociosidade te paralise o coração e desfigure o espírito!...

O moço, espantado, passou a ver o desfile dos animais que havia devorado e, sob forte espanto acordou...

Amanhecera.

O Sol de ouro como que cantava em toda parte um hino glorioso ao trabalho pacífico. Levindo escapou da cama, correu até à genitora e exclamou:
- Mãezinha, arranje-me serviço! Arranje-me serviço!...
- Oh! Meu filho, disse a senhora num transporte de jubilo, que alegria! Como estou contente!... Que aconteceu?

E o rapaz preocupado, informou:
- Nesta noite passada, eu vi a conta da vida.
Daí em diante, converteu-se Levindo num homem honrado e útil.
 
Neio Lúcio / Francisco Cândido Xavier, no livro "Alvorada Cristã"

A CONSTRUÇÃO DO NAVIO


A construção de um navio parece com a formação das pessoas. Durante a  gestação o casco é construído, até que somos lançados ao mar. A maior parte  de um navio é colocada depois, como acontece com a gente. Camarotes, porões,  motores, pinturas, enfeites são acrescentados
durante a infância e  adolescência, até o navio ficar pronto para a primeira viagem. Um navio fica  pronto quando sai do estaleiro, mas com a gente é diferente - e este é o  desafio de cada um, pois crescemos todo dia e nunca ficamos prontos.

Apesar disso é preciso partir.... Mas nem todos têm a coragem de ir e  continuam atracados ao cais, julgando-se incapazes de navegar sozinhos. Algumas pessoas são obrigadas a zarpar, já que os encargos de segurança
do  porto tornam-se pesados demais e, às vezes, perdem um tempo precioso da  viagem revoltadas e lamentando-se por tudo isso.... mas nem todo mundo é  assim....

Alguns mal o dia amanhece, já partiram. Parecem muito ocupados e logo somem  no horizonte. Desde cedo sabem o que querem e têm pressa de viver. Outros  navios também saem logo que podem, mas ficam dando voltas e mais voltas sem  chegar a lugar algum. Acabam navegando só para
comprar  mais combustível  todo dia, e o que ganham mal dá para  a reforma do casco...

Os maiores desperdiçadores de seus próprios recursos são aqueles que não sabem o que querem... e o pior é que, quando a gente não sabe direito o que  espera do rumo que está tomando ou nem se tem um rumo, não pode corrigir a  rota se estiver no caminho errado... nós somos os maiores
responsáveis  pelas tempestades que não conseguimos evitar.

Já outras pessoas deixam de  navegar milhares de milhas para se conformarem com umas poucas centenas,  porque tem medo de atrair ventos contrários ou então querem agradar ou  impressionar alguém.... a gente não deve aceitar isso, pois significa  concordar em ser menos do que
pode ser. Todo dia é dia de evolução e aprendizado e, como a lua cheia, quando paramos de crescer, começamos a diminuir.

Então a primeira coisa a fazer é tornar-se comandante de si próprio e isso equivale a pensar com a própria cabeça, ser timão e timoneiro, assumindo riscos pelos erros, pois só erram os que tem a coragem para ousar e, se caírem, levantar e tentar de novo-sempre... pois ninguém sabe nossa autonomia no mar, nossa capacidade de carga, ou a que velocidade podemos singrar as águas dos oceanos, sejam azuis ou escuras.

Ninguém nos conhece melhor que nos mesmos e, por mais que digam o que temos - ou não temos - que fazer, ninguém pode viver a vida no nosso lugar. Outras pessoas, ainda, vivem frustradas e infelizes porque não conseguem ter as mesmas coisas que viram em outro navio. Algumas também
vivem furiosas quando alguma coisa ou alguém não age ou sai como gostariam. O amor a si próprio e ao próximo é um exercício diário para saber a diferença entre o que precisa ser mudado e o que devemos aceitar como é.

Muita gente tem preferido impor suas idéias e opiniões em vez de escutar o outro; ficar revoltada com o mundo, em vez de admirar a vida, pois não sabem o que é amar. E tem viajantes que pensam no amor como algo a ser obtido, como se fosse um objeto e não como uma arte que precisa ser
aprendida. Alguns acabam confundindo o amor, Deus ou a felicidade com o significado de suas rotas, e vivem frustradas navegando atrás do que não conseguem alcançar - e até desistem no meio do caminho, desalentados, achando que a vida não vale a pena, que Deus não existe e felicidade e amor são balelas... mas Deus, felicidade, amor, bondade não são lugares ou coisas que possam ser possuídos.

A primeira coisa a fazer para quem quer encontrar estes bens é não procurar! Quando procuramos o que não é um lugar ou objeto, e que muito menos está escondido, quem fica perdido somos nós mesmos. Mas quando não procuramos, porque não pode ser encontrado fora de nós, descobrimos que o que tanto queremos - Deus, felicidade, paz - habita camarotes no
coração do nosso próprio navio... e tem pessoas tão preocupadas em procurar do lado de fora que até se esquecem de olhar por dentro!...

Não existe navio que não tem passado por tempestades e muitos afundam por não saberem evitá-las, por falta de comunicação ou por acharem que não precisam dos outros. Somos fortes quando unidos. Juntos somos tão grandes e poderosos quanto a onda mais forte e ameaçadora. Perdoar as falhas e limitações de nossos semelhantes é muito mais que amor ou virtude - é questão de inteligência e sobrevivência... pois a única coisa que possuímos de verdade é a necessidade do outro.

Mas não existe tempestades que durem para sempre, assim como os dias de sol também não são permanentes. Dor e frustrações muitas vezes são resultado de querermos perpetuar momentos de prazer, bem-estar, alegria, que por si só são efêmeros e com que facilidade esquecemos que nada é eterno - a não ser o próprio movimento - e que, por isso, momentos de alegria se alternam com momentos de tristeza, dor se alterna com prazer, fome com saciedade, doença com saúde - um sempre dando lugar ao outro.

Quando a gente pára de tentar lutar contra isso e se abandona nesse jogo delicioso da vida, descobrimos que, acima de tudo, a vida vale a pena ser vivida intensamente. 


Pela transcrição: Elza Emiko Ito Barôa.

A consciência do nada


Desde 1543 quando Nicolau Copérnico mostrou que não éramos o centro do sistema Solar, nossa posição no Universo vem se revelando cada vez menos importante. Um pouco mais tarde, Isaac Newton foi um dos primeiros a afirmar que as estrelas são Sóis como o nosso.

Atualmente, sabe-se que o Sol não passa de uma estrela de quinta grandeza perdido no rabo da Via Láctea, que também não passa de uma modesta galáxia em meio a bilhões de
outras.

Algumas teorias mais recentes e ainda precárias chegam a supor que nosso Universo é apenas um dentre muitos outros possíveis. De qualquer modo, na escala astronômica, somos menos que micróbios amontoados num minúsculo grão de poeira cósmica. A esta altura, o leitor, talvez um pouco chocado, poderia protestar argumentando que, mesmo sendo verídica, como de fato é, posto desta forma, a afirmação é preconceituosa.

Indica um certo descaso injustificado pelos enormes avanços e obras de gerações de grandes homens. De certa forma, o leitor tem sua parcela de razão. Mas, meu descaso não é pelos avanços tecnológicos e muito menos pelos grandes homens. Muito ao contrário, meu protesto é justamente contra as lideranças de plantão que desprezam as lições dos grandes homens.

Segundo as fontes históricas, Copérnico concluiu seus estudos sobre o sistema Heliocêntrico em 1514 mas, devido a problemas com a Igreja, só pode divulgá-los em 1543, coincidentemente, ano de sua morte. Hoje, exceto pelas fogueiras da Inquisição, a situação não mudou muito.

O Antropocentrismo Teológico foi meramente substituído pelo Egocentrismo Capitalista que continua sacrificando vidas e destruindo o planeta. São verdadeiros micróbios hipócritas, orgulhosos da própria ignorância de sua nulidade.
Os grandes homens que escreveram a história do planeta, acima de tudo, revelaram a grandeza da humildade, único atributo capaz de nos fazer gigantes deste Universo infinito.

Somente essa percepção de fragilidade física e a consciência de coletividade poderá assegurar nosso futuro.

O planeta Terra, independente de nossa vontade, seguirá seu curso cósmico, mas a inteligência que aqui existe é algo muito raro e especial para servir apenas às frivolidade e intrigas de alguns micróbios.

Cesar Boschetti é tecnologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)

A conquista da brilhante auto confiança


Para começar, goste de si mesmo! Este é o mais importante ingrediente da autoconfiança. Pessoas que se amam são alegres e otimistas, sentem-se bem consigo mesmas e os outros gostam de estar com elas.

Depois, faça a escolha certa dos seus pensamentos. Você é a soma total dos seus pensamentos. Dizem que temos 90 mil pensamentos por dia, dos quais 60 mil são repetitivos, ou seja, repetimos os mesmos pensamentos muitas vezes ao dia.
Então, a única diferença entre um otimista e um pessimista é o que eles escolhem como centro de seus pensamentos e é você quem tem a liberdade de escolher que tipo de pensamento vai conservar e quais vai dispersar... Por isso, diga "não" aos pensamentos que causam um estado de espírito negativo e procure outros que provoquem otimismo e alegria.

Outro recurso para adquirir autoconfiança é a escolha das influências que deseja receber. Você sabe, estamos expostos a todo tipo de influência e opiniões diariamente. Por isso saiba exatamente o que o influencia e escolha à quais influências expor-se.
Inunde a sua mente com pensamentos e idéias animadoras e positivas... Leia biografias de pessoas que fizeram coisas extraordinárias... Desenvolva a imunidade ao pessimismo de modo a não absorvê-lo. Por fim, cuidado com as comparações.

A maneira rápida de você acabar com sua autoconfiança é comparar-se com pessoas erradas... Portanto, não coloque ninguém em um pedestal...
A melhor maneira de agir é esquecer as comparações e escolher alguém de valor como exemplo uma pessoa que tenhas qualidades e características que você admira e que poderá lhe ensinar alguma coisa.

A cobra


Caminhando por uma estrada de terra batida, no meio da mata, Lúcia ia tranqüila.
Morava num sítio das redondezas e dirigia-se à escola, distante uns quinhentos metros de sua casa.

De súbito, dentre a vegetação, surgiu, se arrastando, enorme e ameaçadora cobra. Colocando-se no meio do caminho, ela armou o bote e ficou esperando.
A princípio, assustada, a menina parou. Pensou em voltar. Naquele momento, porém, lembrou-se de tudo o que já aprendera. Sua mãe sempre lhe dizia que tudo na Natureza é criação de Deus, e que devemos respeitar qualquer forma de vida, fosse humana, animal ou vegetal.

Assim, enchendo-se de coragem, tendo o cuidado de manter uma boa distância, dirigiu-se ao réptil dizendo:
- Minha amiga Dona Cobra. Nada tenho contra a senhora. Ao contrário, somos todos irmãos, porque filhos de um mesmo Pai, que é Deus. Estou indo para a escola e preciso passar por este lugar, que a senhora está ocupando. Assim, se fizer gentileza de deixar-me passar, eu lhe ficarei muito grata.

A voz da menina, serena e doce, aquietou o animal, que a contemplava com seus olhinhos miúdos. Depois, parecendo compreender o que lhe foi dito, coleou pela terra lentamente, desaparecendo no meio do mato.

Lúcia, grata a Deus pela proteção que lhe dera, continuou seu trajeto até a escola.
Durante horas, ali permaneceu entregue às atividades escolares, esquecendo-se do incidente.

Mais tarde, quase no horário de tocar o sinal para a saída, chegou alguém. Era um homem que tinha socorrido um menino. Ainda assustado, contou ele:
- Eu vinha a cavalo pela estradinha, quando vi um moleque ao longe, na minha frente. Ele tinha um pau na mão, e brincava, batendo nas árvores à beira do caminho, assustando os passarinhos e afugentando os pequenos animais. Percebi quando uma enorme cobra surgiu à sua frente. Quis avisá-lo do perigo, gritar para que ficasse quieto, sem fazer movimentos bruscos, mas não deu tempo. O menino, ágil, levantou o porrete, tentando esmagar a cobra. Ela, porém, foi mais rápida e, dando um bote certeiro, picou-o.
- E o garoto, como está? - perguntou a professora, aflita.
- Felizmente, foi socorrido há tempo. Encontra-se no hospital da cidade, sob cuidados médicos. Como ele estivesse com uma mochila escolar, pelo horário, cheguei à conclusão de que era um aluno que tinha "matado" a aula, e a trouxe para a senhora. Aqui está ela! - disse ele, entregando a mochila à professora.
- É do Roberto! Bem que estranhei ele não ter comparecido hoje à escola! Muito obrigada, senhor. E os pais dele, já foram informados?
- Exatamente por isso vim aqui. Não sei onde ele mora. Se me disser o endereço do garoto, irei avisar à família dele.

A professora explicou onde Roberto morava, e o bom homem despediu-se, apressado. Após a saída dele, Lúcia comentou:
- Deve ser a mesma cobra que encontrei hoje cedo na estrada!
- É verdade? Você viu uma cobra? Conte-nos! Como foi isso? - quis saber a professora.

E Lúcia, diante da classe que a ouvia com atenção, relatou o que tinha acontecido com ela, como se portou diante do perigo e como a cobra se afastou, sem molestá-la.
O silêncio se fez na sala. Todos estavam perplexos e pensativos.
Ficou muito claro como o comportamento de cada um determinara uma reação diferente no animal. O respeito de Lúcia e a agressão de Roberto geraram conseqüências diversas.


(Tia Célia - Jornal O Imortal)

A cidade e as duas ruas


A história a seguir é contada pelo Sheikh Qalandar Shah, no seu livro "Asrar-i-Khilwatia" (Segredos dos Solitários):
     No lado oriental da Armenia existia um pequeno vilarejo com duas ruas paralelas, chamadas respectivamente Via do Sul e Via do Norte . Um viajante, vindo de muito longe, passeou pela Via do Sul, e logo resolveu visitar a outra rua; entretanto, assim que chegou ali, os comerciantes notaram que seus olhos estavam cheios de lágrimas.

"Alguém deve ter morrido na via do Sul", disse o açougueiro para o vendedor de tecidos. "Veja como este pobre estranho, que acaba de chegar dali, está chorando!"
Uma criança ouviu o comentário e, como sabia que a morte era algo muito triste, começou a chorar histericamente. Pouco tempo depois, todas as crianças daquela rua estavam chorando.
O viajante, assustado, resolveu partir imediatamente. Jogou fora as cebolas que estava descascando para comer - e esta era justamente a razão de ter os olhos cheios de lágrimas - e sumiu..

As mães, entretanto, preocupadas pelo pranto das crianças, logo foram procurar saber o que estava acontecendo, e descobriram que o açougueiro, o vendedor de tecidos, e - a esta altura - vários comerciantes estavam preocupadíssimos com uma tragédia que ocorrera na Via do Sul. Logo os boatos começaram; e como a cidade não tinha muitos habitantes, em breve todos os que moravam nas duas ruas sabiam que alguma coisa horrível havia acontecido. Os adultos começaram a temer o pior; mas preocupados com a dimensão da tragédia, resolveram não perguntar nada, a fim de não piorar a situação.

Um homem cego, que morava na Via do Sul e não entendia o que estava acontecendo, resolveu indagar: "Por que tanta tristeza nesta cidade que sempre foi um lugar tão feliz?"
"Algo muito grave aconteceu na Via do Norte", respondeu um dos habitantes. "As crianças choram, os homens estão com a testa franzida, as mães pediram para que seus filhos voltassem para casa, e o único viajante que visitou esta cidade em muitos anos, partiu com os olhos cheios de lágrimas. Talvez a peste tenha chegado à outra rua."

Não foi necessário muito tempo para que o rumor de uma doença mortal, desconhecida, havia atingido cidade. Como, entretanto, o choro havia começado com a visita do viajante à Via do Sul, ficou claro para os moradores da Via do Norte que a peste tinha começado ali. Antes que anoitecesse, os habitantes de ambas as ruas já haviam abandonado suas casas, e partiam em direção as montanhas do Leste.

Hoje, séculos depois, o antigo lugarejo por onde passou um viajante descascando cebolas, ainda continua deserto. Não muito longe dali, surgiram duas aldeias, chamadas Via do Leste e Via do Oeste. Seus habitantes, descendentes dos antigos moradores do vilarejo, ainda não se falam, já que o tempo e as lendas se encarregaram de colocar uma grande barreira de medo entre eles.

Comenta o Sheikh Qalandar Shah: "tudo na vida é uma questão de atitude que temos diante das coisas, e não das próprias coisas em si mesmas.
Eu tenho sempre a possibilidade de descobrir a origem de um problema, ou escolher aumenta-lo de tal maneira, que termino sem saber onde ele começou, qual a sua dimensão, como pode afetar minha existência, e como é capaz de me afastar das pessoas que antes amava."  

A Cidade dos Resmungos


Era uma vez um lugar chamado Cidade dos Resmungos, onde todos resmungavam, resmungavam, resmungavam. No verão, resmungavam que estava muito quente.

No inverno, que estava muito frio. Quando chovia, as crianças choramingavam porque não podiam sair. Quando fazia sol, reclamavam que não tinham o que fazer.

Os vizinhos queixavam-se uns dos outros, os pais queixavam-se dos filhos, os irmãos das irmãs. Todos tinham um problema, e todos reclamavam que alguém deveria fazer alguma coisa
Um dia chegou à cidade um mascate carregando um enorme cesto às costas. Ao perceber toda aquela inquietação e choradeira, pôs o cesto no chão e gritou:
- Ó cidadãos deste belo lugar! Os campos estão abarrotados de trigo, os pomares carregados de frutas. As cordilheiras estão cobertas de florestas espessas, e os vales banhados por rios profundos.

Jamais vi um lugar abençoado por tantas conveniências e tamanha abundância. Por que tanta insatisfação? Aproximem-se, e eu lhes
mostrarei o caminho para a felicidade.
Ora, a camisa do mascate estava rasgada e puída. Havia remendos nas calças e buracos nos sapatos. As pessoas riram que alguém como ele pudesse mostrar-lhes como ser feliz. Mas enquanto riam, ele puxou uma corda comprida do cesto e a esticou entre os dois postes na praça da cidade.
Então segurando o cesto diante de si, gritou:
- Povo desta cidade! Aqueles que estiverem insatisfeitos escrevam seus problemas num pedaço de papel e ponham dentro deste cesto.
Trocarei seus problemas por felicidade!
A multidão se aglomerou ao seu redor. Ninguém hesitou diante da chance de se livrar dos problemas. Todo homem, mulher e criança da vila rabiscou sua queixa num pedaço de papel e jogou no cesto.
Eles observaram o mascate pegar cada problema e pendurá-lo na corda. Quando ele terminou, havia problemas tremulando em cada polegada da corda, de um extremo a outro. Então ele disse:Agora cada um de vocês deve retirar desta linha mágica o menor problema - Todos correram para examinar os problemas. Procuraram, manusearam os pedaços de papel e ponderaram, cada qual tentando escolher o menor problema. Depois de algum tempo a corda estava vazia.
Eis que cada um segurava o mesmíssimo problema que havia colocado no cesto. Cada pessoa havia escolhido os seu próprio problema, julgando ser ele o menor da corda.
Daí por diante, o povo daquela cidade deixou de resmungar o tempo todo. E sempre que alguém sentia o desejo de resmungar ou reclamar, pensava no mascate e na sua corda mágica.

A cidade do remorso


Estou começando minha viagem.
Já sabia com antecedência que esta viagem seria desagradável e que não resultaria em nada realmente bom. Estou falando da minha anual "Viagem de Culpabilidade".

Eu consegui passagens até lá através da DESEJOS QUE EU TIVE linhas aéreas. Seria um vôo extremamente curto. Eu pequei minha bagagem, que eu não pude verificar. Resolvi levá-la comigo por toda a viagem. Estava pesada com as mil memórias que poderia ter tido. Ninguém me saudou quando entrei no terminal do Aeroporto Internacional da Cidade do Remorso. Eu digo internacional porque pessoas do mundo inteiro vêm para esta triste cidade.

Quando cheguei no hotel ÚLTIMO RECURSO, notei que eles estariam hospedando o mais importante evento do ano, a festa anual da PIEDADE. Eu não poderia faltar àquela grande ocasião social. Muitos dos principais cidadãos da cidade estariam lá.

Primeiro, chegou a família PRONTO, você os conhece, são os DEVERIA TER, IRIA TER E PODERIA TER. Depois veio a família TIVE. Você provavelmente conhece a madame VONTADE e seu clã. Claro, os OPORTUNIDADES também estariam presentes, o FALTANDO e a PERDIDA. A maior família presente seria a ONTEM. Existem muitos deles para contar, mas cada um teria uma história muito triste para compartilhar.

SONHOS QUEBRADOS seguramente apareceria. E a A CULPA É SUA nos regalaria com histórias (desculpas) sobre como as coisas falharam em sua vida, e cada história seria calorosamente aplaudida por NÃO ME RESPONSABILIZE e por NÃO PUDE AJUDAR.

Bem, resumindo a história, eu fui a esta festa deprimente sabendo que não existiria nenhum benefício real em fazer isso. E, como sempre, fiquei muito deprimido. Mas quando pensei sobre todos as histórias de fracassos que traziam o passado de volta, me ocorreu que toda esta viagem e a subseqüente "festa da piedade" poderia ter sido cancelada pelo EU!

Comecei a perceber que eu não tinha que estar lá. Eu não tinha que ficar deprimido. Uma coisa ficou passando por minha mente, eu NÃO POSSO MUDAR O ONTEM, MAS TENHO O PODER PARA FAZER DO HOJE UM DIA MARAVILHOSO. Eu posso ser feliz, alegre, realizado, encorajado, como também encorajador. Sabendo isto, eu deixei a Cidade do Remorso imediatamente e parti sem deixar endereço.
Eu sinto muito pelos erros que cometi no passado?
SIM! Mas não existe nenhum caminho físico para desfaze-los.

Então, se você estiver planejando uma viagem para a Cidade do Remorso, por favor cancele todas as suas reservas agora. Ao invés disso, faça uma viagem para um lugar chamado COMEÇANDO NOVAMENTE. Eu gostei tanto que estou pensando em ter residência permanente lá. Meus vizinhos, os EU ME PERDÔO e os NOVOS COMEÇOS são muito prestativos.

A propósito, você também não tem que carregar bagagem pesada, porque a carga é retirada de seus ombros logo na chegada. Deus lhe abençoe para que encontre esta grande cidade. Se você puder acha-la - está em seu próprio coração - por favor faça-me uma visita. Eu moro na rua EU POSSO FAZER ISTO.

(Tradução de Sergio Barros do texto de Larry Harp)

A cidade do outro lado

Um eremita do mosteiro de Sceta se aproximou do Abade Teodoro:
- Sei exatamente qual o objetivo da vida. Sei o que Deus pede ao homem, e conheço a melhor maneira de serví-Lo. E, mesmo assim, sou incapaz de fazer aquilo tudo que devia estar fazendo para servir ao Senhor.
O abade Teodoro ficou um longo tempo em silêncio. Finalmente disse:
- Você sabe que existe uma cidade do outro lado do oceano. Mas ainda não encontrou o navio, não colocou sua bagagem a bordo, e não cruzou o mar. Por que ficar comentando como ela é, ou como devemos caminhar por suas ruas?
“Saber o objetivo da vida, ou conhecer a melhor maneira de servir ao Senhor, não basta.
Coloque em prática o que você está pensando, e o caminho se mostrará por si mesmo”.

A cicatriz


O pequeno menino convidou sua mãe para participar do encontro de pais e professores na sua escola. Para desânimo do menino, ela disse que iria. Esta seria a primeira vez que seus coleguinhas e professores se encontrariam com sua mãe e estava embaraçado por causa da aparência dela. Embora fosse uma mulher bonita, havia uma cicatriz que cobria todo o lado direito de seu rosto. O menino nunca quis falar sobre o porque ou como surgiu a cicatriz.

Na reunião, as pessoas ficaram impressionados com a bondade e a beleza natural de sua mãe, apesar da cicatriz. Mas o menino, ainda embaraçado, se escondia de todos. Entretanto, mantinha-se à uma distância da qual pôde ouvir a conversa entre sua mãe e seu professor.
- Essa cicatriz em seu rosto. O que aconteceu? - Perguntou o professor.

A mãe respondeu,
- Quando meu filho era bebê, ele estava em um quarto que pegou fogo. Todos tiveram muito medo de entrar porque o fogo estava fora de controle, assim eu entrei. Quando eu estava indo em direção ao seu berço, eu vi que uma enorme labareda ia alcançá-lo, então me coloquei sobre ele para tentar protegê-lo. Caí inconsciente mas felizmente um bombeiro entrou e nos salvou.

Tocando o lado queimado de seu rosto, continuou,
- Esta cicatriz é permanente, porém eu nunca lamentei o que eu fiz.

Neste momento, o pequeno menino saiu de seu esconderijo e correu até sua mãe com lagrimas em seus olhos e a abraçou sentindo o enorme sacrifício que sua mãe tinha feito por ele. E ficou firmemente segurando a mão de sua mãe pelo resto do dia.

A chave da felicidade


A faca mais perigosa é a cega, porque é a mais difícil de controlar. Força bruta sem controle é ainda pior do que inútil: é destrutiva. Com o poder vem a obrigação de exercer o controle.

Suas ações são muito poderosas, especialmente quando consideradas ao longo do tempo. As "pequenas coisas" que você faz, dia após dia, somam-se e têm uma grande influência no seu mundo.

Seus pensamentos são também poderosos. Tudo que você faz começa com um pensamento. Para usar sabiamente o poder dos seus pensamentos e ações, você deve exercer criteriosamente o controle.

O poder de seus pensamentos e ações está ali. Seu trabalho é controlar e dirigir esse poder. Sem esse controle você trabalha contra si mesmo. Focalizando o controle, você pode alcançar uma incrível satisfação. Controle e equilíbrio podem ser a chave da sua felicidade e sucesso.

A CHAMA DA ALMA

  
Havia um rei que apesar de ser muito rico, tinha a fama de ser um grande doador, desapegado de sua riqueza. De uma forma bastante estranha, quanto mais ele doava ao seu povo, auxiliando-o, mais os cofres do seu fabuloso palácio se enchiam.

Um dia, um sábio que estava passando por muitas dificuldades, procurou o rei. Ele queria descobrir qual era o segredo daquele monarca. Como sábio, ele pensava e não conseguia entender como é que o rei, que não estudava as sagradas escrituras, nem levava uma vida de penitência e renúncia, ao contrário, vivia rodeado de luxo e riquezas, podia não se contaminar  com  tantas coisas materiais.

Afinal, ele, como sábio, havia renunciado a todos os bens da terra, vivia meditando e estudando e, contudo, se reconhecia com muitas dificuldades na alma. Sentia-se em tormenta. E o rei era virtuoso e amado por todos.

Ao chegar em frente ao rei, perguntou-lhe qual era o segredo de viver daquela forma, e ele lhe respondeu: "Acenda uma lamparina e passe por todas as dependências do palácio e você descobrirá qual é o meu segredo." Porém, há uma condição: se você deixar que a chama da lamparina se apague, cairá morto no mesmo instante.

O sábio pegou uma lamparina, acendeu e começou a visitar todas as salas do palácio. Duas horas depois voltou à presença do rei, que lhe perguntou: "Você conseguiu ver todas as minhas riquezas?"
O sábio, que ainda estava tremendo da experiência porque temia perder a vida, se a chama apagasse, respondeu: "Majestade, eu não vi absolutamente nada.

Estava tão preocupado em manter acesa a chama da lamparina que só fui passando pelas salas, e não notei nada."
Com o olhar cheio de misericórdia, o rei contou o seu segredo: "Pois é
assim que eu vivo. Tenho toda minha atenção voltada para manter acesa a chama da minha alma que, embora tenha tantas riquezas, elas não me afetam.

"Tenho a consciência de que sou eu que preciso iluminar meu mundo com minha presença e não o contrário."

O sábio representa na história as pessoas insatisfeitas, aquelas que dizem que nada lhes sai bem. Vivem irritadas e afirmam ter raiva da vida. O rei representa as criaturas tranqüilas, ajustadas, confiantes. Criaturas que são candidatas ao triunfo nas atividades que se dedicam. São sempre agradáveis, sociáveis e estimuladoras.

Quando se tornam líderes, são criativas, dignas e enriquecedoras.
Deste último grupo saem os que promovem o desenvolvimento da sociedade, os gênios criadores e os grandes cultivadores da verdade.

***
Com ligeiras variações, é o lar que responde pela felicidade ou a desgraça da criatura. É o lar que gera pessoas de bem ou os candidatos à perturbação. É na infância que o espírito encarnado define a sua escala de valores que lhe orientará a vida. Por tudo isto, o carinho, na infância, o amor e a ternura, ao lado do respeito que merece a criança, são fundamentais para a formação de homens
saudáveis, ricos de beleza, de bondade, de amor que influenciam
positivamente a sociedade onde vivem.

Em nossas mãos, na condição de pais, repousa a grande decisão: como desejamos que sejam os nossos filhos tranqüilos como o rei ou atormentados como o sábio.

A certeza da sobrevivência


Foi na primavera de 1995. Rick acabara de ganhar sua medalha de ouro nas olimpíadas.
Era a sensação do colégio. Depois de uma palestra, o diretor lhe perguntou se ele poderia fazer uma visita a um aluno especial.

O menino se chamava Matthew e não pudera se fazer presente à palestra. No entanto, tinha manifestado interesse em conhecer Rick.
Como o diretor se sensibilizara com o pedido e Rick concordou, eles foram à casa do garoto.

No trajeto de 14 quilômetros, Rick descobriu algumas coisas. O menino era portador de distrofia muscular.Quando nascera, os médicos disseram a seus pais que ele não viveria atéos 5 anos. Depois, que ele não chegaria aos 10. Ele estava com 13 anos, e era um lutador.
Queria conhecer Rick porque ganhara a medalha de ouro nas olimpíadas e ele, Matthew sabia tudo sobre superar obstáculos e correr atrás de sonhos.

Durante uma hora conversaram e, em nenhum momento, Matthew reclamou da sua situação,nem questionou: por que eu? Falou sobre vencer e correr para alcançar os seus sonhos.
Não comentou que seus colegas de turma gozavam dele, às vezes, porque ele era diferente.
Falou apenas de suas esperanças para o futuro e de como, um dia, haveria de conseguir fazer levantamento de peso.
Quando a conversa se encerrou, Rick tirou de sua pasta a medalha de ouro que ganhara por levantamento de peso e a colocou no pescoço do garoto.
Disse a Matthew que ele era um vencedor e que sabia mais sobre sucesso e superar obstáculos do que ele próprio.
O menino olhou a medalha, depois a devolveu, dizendo: Rick, você é um campeão.
Mereceu esta medalha. Algum dia, quando for para a olimpíada e ganhar a minha medalha de ouro, vou mostrá-la a você.

Quando chegou o verão, Rick recebeu uma carta dos pais de Matthew. Ele havia morrido, mas endereçara-lhe uma carta que escrevera apenas alguns dias antes de partir.
Rick a abriu e leu:
Caro Rick, minha mãe disse que eu deveria lhe mandar uma carta agradecendo pela foto legal que você me mandou. Eu também queria contar que os médicos disseram que não vou viver muito tempo.
Está ficando muito difícil respirar e eu me canso com facilidade. Mas ainda sorrio o quanto posso.
Sei que nunca vou ser tão forte quanto você e sei que nunca vamos levantar peso, juntos.
Um dia eu disse a você que iria à olimpíada e ganharia uma medalha de ouro. Agora sei que nunca vou fazer isso.Mas sei que sou um campeão. E Deus também sabe. Ele sabe que eu não desisto.
Por isso, quando eu chegar do outro lado, Deus vai me dar uma medalha de ouro. E quando você chegar lá, eu vou mostrá-la a você.Obrigado por me amar. Seu amigo. Matthew.
Para quem guarda a certeza da imortalidade da alma, todo adeus se transforma em um até logo.
E quando percebe que a vida física vai acabar, já arruma toda sua bagagem para a nova vida.

Para quem crê que a alma vive e vibra, para além da tumba, a saudade se dilui no tempo, porque sempre chegará o momento dos reencontros, mesmo que os anos passem, somando-se em
décadas e se multipliquem em doce e acalentada espera.

Para quem tem convicção da sua imortalidade, a madrugada do amanhã será logo mais, vencida a sombra da morte e superado o obstáculo de qualquer temor.

A certeza, a escolha e a dúvida


Buda estava reunido com seus discípulos certa manhã, quando um homem se aproximou:
-Existe Deus?- perguntou.
-Existe - respondeu Buda.
Depois do almoço aproximou-se outro homem.
-Existe Deus? - quis saber.
-Não, não existe - disse Buda.
No final da tarde, um terceiro homem fez a mesma pergunta:
-Existe Deus?
-Você terá que decidir - respondeu Buda.
Assim que o homem foi embora, um discípulo comentou, revoltado: -Mestre, que absurdo! Como o Sr. dá respostas diferentes para a mesma pergunta?
-Porque são pessoas diferentes, e cada uma chegará a Deus por seu próprio caminho. O primeiro acreditará em minha palavra. O segundo fará tudo para provar que eu estou errado. E o terceiro só acredita naquilo que é capaz de escolher por si mesmo.